segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Praceta António Patricio



António Patrício
António Patricio, escritor e diplomata português, nasceu no Porto, na Rua dos Caldeireiros, a 7 de Março de 1878.
Frequentou a Escola Naval, acabando no entanto por se formar em Medicina, em 1908. Proclamada a República, foi cônsul na Corunha, em Cantão, Manaus, Bremen e outras cidades, vindo a falecer pouco depois de nomeado ministro de Portugal em Pequim, no dia4 de Junho de 1930, com 52 anos de idade.
Colaborador das revistas Águia e Atlântida, escreveu os livros de poemas Oceano (1905) e Poesias (1942, edição póstuma), tendo ainda sido editada a sua Poesia Completa (1980). Publicou um livro de contos, Serão Inquieto (1910). É também autor das peças de teatro O Fim (1909), Pedro, o Cru (1918), Dinis e Isabel (1919) e D. João e a Máscara (1924), o ponto alto da sua carreira, que toma como personagem principal o célebre D. Juan, e ainda dos contos de Serão Inquieto (1910). Deixou várias obras inéditas.


De que me rio eu

De que me rio eu?... Eu rio horas e horas
só para me esquecer, para me não sentir.
Eu rio a olhar o mar, as noites e as auroras;
passo a vida febril inquietantemente a rir.

Eu rio porque tenho medo, um terror vago
de me sentir a sós e de me interrogar;
rio pra não ouvir a voz do mar pressago
nem a das coisas mudas a chorar.

Rio pra não ouvir a voz que grita dentro de mim
o mistério de tudo o que me cerca
e a dor de não saber porque vivo assim.

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